quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Aborto-Política-Ocultismo






Por tudo que vemos hoje o senso comum nos leva a considerar que um espiritualista não poderia ter outra posição sobre o tema que não aquela adotada pelos religiosos, que passam a demonizar os opinião contrária. Fica realmente difícil abordar o tema com sobriedade sem cair nos estereótipos impingidos a cada opinião expressada.

 

O Ocultismo é de um período da história da humanidade no qual religião e política eram uma coisa só e ainda hoje se pode recorrer ao que elas têm em comum que é a filosofia, em sua interpretação mais primária, ou seja, como a própria concepção do termo, "amor à sabedoria".

 

Ambos se apresentam como sendo coerentes, lógicos e sábios em seus argumentos, mesmo sendo contrários. Temos aqui dois pontos que ficaram bastante claros nos discursos políticos favoráveis e contrários ao tema do aborto, sendo que um lado propõem que nem se quer se discuta a questão e mantenha a prática como sendo crime, por ser algo anti-natural, enquanto outros querem propor que se faça um plebiscito.

 

Primeiro vamos considerar o argumento do que seja mais natural. O ser humano se encontra distante do que é natural, nem tudo que é natural realmente lhe serve. Consideremos que na natureza é prática corrente entre animais das espécies mais avançadas, no caso os mamíferos, o hábito do infanticídio, filhotes são devorados pelos próprios pais.

 

Tal procedimento foi adotado em diversas culturas humanas, como poderíamos ver na Grécia antiga, na China e entre os índios do Brasil e alguns povos Africanos, indivíduos nascidos com sexo diferente do desejado, com má formação, ou mesmo em alguns casos um dos nascidos gêmeos, ou ainda nascidos albinos.

 

Esta prática, por estranha que nos pareça é natural e no entanto nem de longe nos serve como referência. Ou seja, não é porque algo é natural que será correto para o ser humano. Outro equívoco é o conceito de se levar em consideração a opinião da maioria. Pois no período em que se praticava a escravidão esta era considerada algo normal pela grande maioria das pessoas.

 

Se tivesse sido feito um plebiscito na época ao invés de se tomar a decisão de extinguir essa prática nós teríamos isto até hoje, de forma institucionalizada e não clandestina como ainda ocorre. Aquilo que a maioria considera certo ou errado não obrigatoriamente será algo que nos sirva ou que se devesse tornar lei.

 

A grande maioria pode não praticar o aborto e considerar uma prática condenável, mas as leis são definidas pelos costumes do povo, e essa é uma prática recorrente, mesmo que atualmente na clandestinidade e é praticado por aqueles que não consideram como sendo condenável.

 



O fato de ser uma minoria esta deverá ser ignorada, ter seus direitos negados, ser banida, punida, repudiada? Então imaginemos que a maioria da população mate animais para se alimentar, os vegetarianos deveriam ser considerados criminosos? Então a maioria é de vegetarianos, os que comem carne deveriam ser considerados criminosos?

 

Se basear na opinião da maioria é uma armadilha lógica que pode levar a grandes injustiças. Embora o poder da maioria também seja algo Natural e no entanto mais uma vez, nem tudo que é Natural nos serve. Podemos ver isso em nossa história, passada e atual. Aí vemos que a maioria é germânica, então os judeus deverão ser banidos. [?] Aí vemos que a maioria é israelense, então os palestinos deverão ser banidos. [?]

 

Muitos argumentos existem a favor e contra em todos esses temas polêmicos e o que mais vem a tona é a questão da vida, esse é o grande apelo nas discussões, como se não matássemos constantemente para viver. Os vegetarianos argumentam que eles não matam animais para viver, no entanto usam produtos não alimentícios também de origem animal. Sem contar que ao ingerirmos alimentos vegetais esses vegetais que também são seres vivos estarão sendo mortos.

 

Aí a discussão muda de contexto. Ou seja, se torna lícito matar, desde que haja necessidade para isso e que não se provoque dor. Até aí tudo bem, segundo as Ciências Convencionais, ao menos fisicamente as plantas não sentem dor. Assim como um feto que ainda não tenha seu sistema nervoso formado e funcional também não sentiria.

 

Nesse caso a questão volta para o tema da vida e se argumenta se tratar de uma vida humana. Mas o que nos distingue dos animais? Segundo as Ciências Convencionais podemos dizer que ao menos fisicamente nada nos distinguiria de outros animais.

 

Então onde encontramos aquilo que por definição faria de nós humanos? Certamente que não é algo físico, mas sim algo psico-social, um senso de identidade, a auto-consciência. Ou seja, nesse caso enquanto o indivíduo não dispõe dessas características ele ainda é um animal, como poderíamos classificar a condição de um feto.

 

Ainda que se considere que ali haveria uma promessa de vida humana, mas isto apenas a partir de um determinado estágio da gestação e como é da natureza humana, ainda assim, não haverá garantia nenhuma de até quando essa vida transcorrerá naturalmente, pois desde que se esteja vivo se estará predisposto a morrer.

 

Ou seja, fisicamente não há maiores discrepâncias éticas neste tema do que em qualquer outro. Pela visão ética da questão, levando-se em conta o sentido mais básico do termo, ou seja, ethos, ou "o mais próximo da perfeição", podemos dizer que já existem tantas outras imperfeições em nossa estrutura social que este viria a ser apenas mais um tema como qualquer outro, sendo justificado por diversos precedentes.

 





Assim entra em questão o apelo a questões espirituais e assim como fisicamente quem tem a palavra são as Ciências Convencionais, nas questões espirituais temos as Ciências Ocultas. Segundo as quais trabalhamos com elementos de distinção entre os seres Animais e os seres Humanos.

 

Segundo as Ciências Ocultas temos que o espírito humano só sentirá dor a partir do momento em que este esteja conectado ao sistema nervoso do corpo físico e isto só ocorre depois do sexto mês de gestação, de modo que tecnicamente até esse momento se poderia dizer que a experiência da morte nem será vivida com mesma intensidade que quando já se está realmente encarnado.

 

Outro aspecto é a questão Kármica, pois se faz parte do destino do indivíduo passar por uma experiência reduzida de encarnação, isto irá acontecer, quer seja naturalmente, ou por intervenção de alguém. Se considerarmos a vida material como Maia, ilusão, esta seria equivalente a um sonho, e já que assim como é embaixo é em cima, é mais importante o sono que o sonho. Ou seja, não faz diferença para o desenvolvimento do espírito se sua encarnação dura 6 meses dentro de um útero ou 120 anos. Ele de qualquer forma vivenciará aquilo que tem para vivenciar naquela experiência terrestre.

 

Enfim, vemos que por quaisquer argumentos que usemos, estes não nos forçam a qualquer posição maniqueísta, pois certo e errado são conceitos pessoais que nós atribuímos as coisas e não existem por si.

 

Então o que cabe a sociedade não é discutir sobre o aborto ser ou não algo correto, pois existirão aqueles que consideram que sim e os que considerarão que não e ambos estarão com razão de acordo com o ponto de vista. A discussão a ser feita é se aqueles que consideram correto, sendo uma minoria, deverão ser considerados criminosos.

 


quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ocultismo




As definições atribuídas a este termo são muitas e das mais diversas, mas vamos nos ater ao seus significados mais simples. De modo que possamos definir aquilo do que estamos tratando e distinguir de terminologias correlatas, sendo que cada qual possui seu significado próprio.

 

É comum que se pense no Ocultismo como sendo algo relativo ao ato de se ocultar conhecimentos e informações, sendo que a esta afirmação costumo dizer de modo jocoso que Ocultismo não deve ser confundido com "Esconditismo". Esta definição caberia melhor para especificar o que seria chamado de Esoterismo, sobre o qual poderemos vir a tratar oportunamente. Neste sentido o termo Oculto em questão não está no ato mas sim no teor e fonte desses conhecimentos, sendo em síntese o conhecimento de tudo aquilo que se encontra Oculto.

 

Neste caso Oculto não por ter sido ocultado, mas sim por não estar ao alcance de nossa percepção ou observação. Ou seja, é tudo aquilo na Natureza que se encontra oculto aos nossos Sentidos. A medida que as Ciências Convencionais vão se aperfeiçoando mais e mais elementos que eram Ocultos vão deixando de ser, como ocorreu por exemplo com o Magnetismo, embora ainda este não tenha sido inteiramente explorado em todas as suas implicações pelas Ciências Físicas.

 

De modo geral podemos dizer que a maior porção do que compõe o Ocultismo é de conhecimentos atinentes aos Mundos Supra Físicos. Ou seja, tudo aquilo que se encontra fora do alcance das Ciências Convencionais, sendo assim aquilo que se chama de Ciências Ocultas.

 

Cabe aqui considerar as razões para a expressão Ciências Ocultas e sua relação com as Ciências Convencionais. Tal questão remonta a mais remota antiguidade, quando o ser humano ao nascer neste mundo adquiria conhecimentos e antes de partir buscava deixar o que aprendeu para as gerações futuras. A tal conhecimento era dada grande importância de modo que com o advento da escrita e mesmo antes com o recurso das tradições orais, esses conhecimentos foram sendo acumulados, guardados e retransmitidos nos antigos Templos.

 

Surgiu assim aquilo que se viria a chamar de Ciência, significando o conjunto de tudo aquilo do que a humanidade era ciente, ou ainda, tudo que se sabe sobre todas as coisas. Este conjunto de conhecimentos foi se tornando cada vez mais abrangente e diversificado de modo a surgirem especializações, tendo-se assim as diversas Ciências, que incluíam não só diversas formas de arte como também a Religião, a Filosofia e a Política.

 




Com o passar do tempo a Religião e a Política assumiram seu papel na sociedade se separando das demais Ciências e as que restaram foram se distinguindo basicamente em dois grupos, sendo um especializado em tudo aquilo que pudesse ser observado e analisado a nível material, compondo assim as Ciências Convencionais que conhecemos hoje que tomaram pra si o uso do termo Ciência como se este termo servisse apenas e tão somente para designar as suas especialidades.

 

O outro grupo passou a abarcar tudo aquilo que estivesse para além do alcance de nossos sentidos, que não pudesse ser medido, analisado ou observado a nível material, compondo assim as Ciências Ocultas que conhecemos hoje, que com a popularização do uso do termo Ciência como se referindo exclusivamente às Físicas, passou a adotar também o termo Ocultismo para se definir.

 

Assim vemos que Ocultismo é um termo genérico, que define um corpo de conhecimentos vasto e diversificado, com tantas ou mais especializações quanto as Ciências Convencionais. Ao contrário do que popularmente se diz, não há interesse por parte dos Ocultistas que suas especialidades venham a ser assimiladas, ou que venham a substituir ou que devessem ser substituídas pelas modalidades das Ciências Convencionais. Ou seja, Astrologia e Astronomia são conhecimentos distintos e cada qual tem seu espaço próprio no saber humano, não sendo a Astronomia um substituto da Astrologia e nem tão pouco um objetivo a ser alcançado pela Astrologia.

 

Seria o mesmo que se almejar que o Cinema viesse a substituir ao Teatro, ou que este fosse uma forma mais evoluída ou superior de arte representativa. No geral ocorre muita dificuldade em se definir o Ocultismo porque este não é compreendido como aquilo que ele é, ou seja, um conjunto de conhecimentos, não devendo assim ser confundido com os diversas linhas de pensamento, filosóficas e religiosas que de alguma forma venham a abordar temas ocultistas.

 

Cabe aí se estabelecer uma distinção entre o conhecimento e as instituições nas quais esse conhecimento é trabalhado. Temos por exemplo entre todos os conhecimentos que compõe o Ocultismo o conhecimento do processo da reencarnação, neste processo e todas as suas implicações surgiram aqueles que se especializaram neste tema, formando linhas de pensamento, ou mesmo correntes filosóficas "reencarnacionistas", dentre estes indivíduos que se especializaram no estudo e retransmissão desse conhecimento surgiram diversas "escolas", ou instituições criadas para tratar do tema segundo uma linha específica como por exemplo o Kardecismo.

 

Teríamos então que o processo da reencarnação em si, que é um dos tantos conhecimentos que compõe o Ocultismo, teríamos a especialização neste tema sendo definidos como reencarnacionistas, temos as correntes filosóficas que definem um método para o estudo e interpretação de tudo que envolve o conhecimento específico, como no caso o Kardecismo e temos a instituição criada para o estudo e propagação dessa filosofia como no caso a Federação Espírita.

 




A comparação que se pode fazer é o fenômeno da gravitação dos corpos no espaço, que é um dos tantos conhecimentos que compõe as Ciências Convencionais, teríamos a especialização neste tema sendo definidos como astrônomos, temos as correntes filosóficas que definem um método de estudo e interpretação de tudo que envolve o conhecimento específico, como no caso os Astrofísicos e temos a instituição como no caso o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE.

 

Com isso temos como notar que não faz o menor sentido estabelecer comparações entre Ocultistas e Kardecistas, pois seria o mesmo que comparar Cientistas com Astrofísicos. Podemos sim comparar Cientistas com Ocultistas, independente das especialidades que cada qual tenha em cada um destes conjuntos de conhecimentos, que são as Ciências Ocultas e Convencionais. Esta análise é meramente ilustrativa, pois as subdivisões e especializações são definidas e classificadas de formas ligeiramente diferentes em cada campo de conhecimento, mas já serve para se ter uma noção de proporção.

 

Outra questão é a relação com o termo Mistérios, que costuma ser frequentemente associado ao Estudo do Oculto. Isso diz respeito ao estudo do que se encontra Oculto, sendo algo com o que se vem a tomar contato como sendo uma fase no desenvolvimento em si.

 

Existem diversas etapas pelas quais passamos em nossa busca pelo conhecimento do que se encontra oculto aos nossos sentidos. Isto ocorre justamente pelo fato de que não existe tal coisa, pois mesmo que esteja oculto para os cinco sentidos ainda assim estará ao alcance de nossa percepção e quando não, ainda assim, estará ao alcance de nossa compreensão.

 

Tais etapas são caracterizadas pelos meios que temos e percebê-las e compreendê-las, sendo que não há de fato separações que distingam aquilo que se encontra Oculto daquilo que se encontra evidente, tal como não há distinções dentro da diversidade de coisas que se encontram ocultas para nós.

 

Assim, se existem separações que são usadas para classificar e assim melhor compreender esse universo, estas são definidas pelos nossos próprios sentidos, ou seja, uma mesma coisa poderá ter um sabor, uma cor, um aroma, uma textura e um som e nós estaremos analisando separadamente cada aspecto de acordo com o sentido que vai estar sendo utilizado.

 

Igualmente ocorre com aquilo que é percebido por outros sentidos, como a vibração, a emoção, a idéia, que aquela mesma coisa transmite, tornando assim também parte do universo Oculto aquilo que já é conhecido e percebido objetivamente através dos cinco sentidos.

 

Acima dos sentidos, tanto os objetivos quanto os sutis, temos a compreensão, que nos permite constatar que embora analisemos aspectos diferentes de uma mesma coisa esta ainda assim será uma coisa única, portadora de todas essas características, nos permitindo um senso de síntese.

 

Nossa mente está muito acostumada a compartimentar e fracionar as coisas por ser essencialmente analítica, de modo que não analisamos o conjunto da coisa e sim suas partes, sendo que o meio de pensar a cerca das coisas ocultas acabará se distinguindo por ser uma forma de ver que envolva o conjunto no qual cada parte se vê inserida obtendo-se assim uma síntese, sendo assim um modo de pensar mais filosófico.

 




Dessa forma o estudo do Oculto leva ao conhecimento do todo, de modo que ao analisar cada coisa estaremos analisando também o conjunto delas e igualmente o conjunto no qual nós nos encontramos inseridos. Daí afirmações do tipo "Conhece-te a ti mesmo e conhecerás a Deus e ao Universo" assumem um sentido mais literal do que poético como costumaria nos parecer.

 

Mistério seria uma forma de quintessência resultante da compreensão de tudo que possa ser apreendido. De modo que o Mistério não é algo que esteja ao alcance de ser compreendido pela mente, mas sim por algo mais elevado e sutil, frente a que a própria compreensão já seria demasiado grosseira.

 

De modo que os termos Oculto e Mistério, não fazem alusão a coisas que sejam Ocultadas ou Escondidas, mas sim, que se encontrem numa condição que ultrapasse nossa capacidade de mensurar, e tal dificuldade não se dá por se tratarem de coisas demasiadamente grandes ou pequenas apenas, mas também por serem de natureza diversa da realidade na qual nos encontramos inseridos.

 

Então de todo o conjunto de conhecimentos que compõe o Ocultismo a parte conhecida como O Mistério ou Os Mistérios é que costuma ser explorado no desenvolvimento Iniciático, Místico, Alquímico e Mágico, independente do Caminho Escolhido, quer seja Direita, Esquerda ou Centro, bem como seu conhecimento se encontra na raiz de toda e qualquer modalidade Mágica.

 



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Lúcifer





Peço ao leitor apenas um pouco de atenção, paciência, tempo e boa vontade, pois o que tenho a dizer se encontra sutilmente colocado nas entrelinhas. Tratam-se de idéias e conceitos que fogem ao convencional e trazem uma abordagem mais subjetiva do tema em questão, trazendo muito mais perguntas do que respostas, apenas sugerindo associações de idéias para te levar a ver o assunto com uma mentalidade mais aberta e menos restrita que a maneira como o tema costuma ser abordado.


Procuremos a partir daqui fugir dos conceitos já estabelecidos quanto a esta personagem, não estamos aqui para falar da personificação do mal, nem tão pouco no "pai da mentira", mas sim numa leitura mais sóbria desse tema que por si só já é bem mais vasto, profundo e enigmático que geralmente se costuma considerar.


O termo Lux Ferrer, "Portador da Luz", já fazia parte dos estudos esotéricos de diversas escolas ocultistas desde muito antes da distorção feita dos sentidos deste termo por parte da Igreja Católica Romana. Alguns chegaram a atribuir este termo na antiguidade como sendo uma referência à própria figura do Cristo, até que vieram a associá-lo diretamente àquilo que as antigas tradições hebraicas vieram a chamar de Satan, "O Opositor".


No entanto tratam-se de três figuras distintas, que fazem parte de nossa Anatomia Oculta, bem como são encontrados nas chamadas Viagens Iniciáticas, sendo manifestações e em alguns casos podendo vir a ter até mesmo Personificações externas de qualidades internas de nossa Psique.


É dentro deste contexto que busco abordar esse termo, justamente no que se refere a nossa jornada de desenvolvimento espiritual. Não estarei tratando aqui de uma manifestação externa, ou as possíveis personificações que se encontra ao longo da história, mas sim do simbolismo interior e com isso propor e compartilhar associações e reflexões.


Todos os significados estão bastante entrelaçados e então abordaremos ponto a ponto tentando estabelecer os pontos de ligação. A começar por sua denominação Lúcifer, como dito, derivado da expressão Lux Ferrer, significando "Portador da Luz", tomaremos como ponto de partida as definições encontradas ao longo da Idade Média. Foi neste período que os estudiosos das Ciências Ocultas passaram a correlacionar a Cultura Greco-Romana com conceitos vindos de conhecimentos diferentes como no caso em questão a Astrologia, trazida pelos Árabes para a Europa nesta época.


Se convencionou atribuir dois nomes distintos ao Planeta Vênus, sendo um Lúcifer e outro Vésper. Sendo que de acordo com a época do ano a posição relativa ao Sol faz com que ele seja visto ou no período da manhã como Lúcifer, uma "estrela" bastante brilhante que surge no nascente de madrugada imediatamente antes do amanhecer, ou como Vésper, a "Estrela Vespertina", a mesma "estrela" vista no poente imediatamente após o pôr do Sol desaparecendo no horizonte depois de um tempo. Tradicionalmente já foi chamada de "Estrela Dalva" por ser a maior, mais clara e brilhante no céu noturno.





Por anteceder a manhã, este era chamado de "Portador da Luz" pois é como se este anunciasse o nascer do Sol, ou mesmo como se ele o trouxesse, carregasse. Até aqui isto segue o que se costuma mencionar a respeito de Lúcifer, mas não se costuma encontrar uma ligação direta entre a figura do "Portador da Luz" e a imagem que se tem de Lúcifer como a entidade folclórica que se conhece popularmente.


Se popularizou a estória de Lúcifer como sendo um "Anjo Caído", um Anjo que teria se rebelado contra Deus e buscado construir seu próprio Universo e então teria sido banido. Com isso se buscou dizer que ele era "do bem" e por vaidade e pretensão "caiu" e uma vez corrompido tornou-se "mau". Esta é uma visão simplista de um conhecimento bem mais profundo que foi adaptado pela Religião com o propósito de criar uma história que exaltasse qualidades morais de seus adeptos tais como humildade e confiança em Deus.


Essa visão da "queda" de Lúcifer é que foi o aproximando do conceito de Satan, sendo que boa parte dessa confusão se deu por interpretações menos esclarecidas dos textos bíblicos, em especial por termos que Lúcifer muitas vezes foi associado e simbolizado pela figura de uma Serpente.


De fato, existe essa ligação, de modo que Lúcifer teria sido representado pela Serpente no "Jardim do Éden", aquela que teria tentado "a Mulher" a tomar do "Fruto do Conhecimento do Bem e do Mal". A Serpente ali foi descrita como "a mais astuta das criaturas", sendo que desde a antiguidade as Serpentes foram vistas como símbolo de astúcia, inteligência e também sabedoria, não apenas nas tradições Judaicas como em outras culturas ao longo da história.


Aqui conseguimos estabelecer um paralelo direto com a Cultura Egípcia, na qual tínhamos a figura de Apófis, "A Serpente do Caos", esta corria ao longo da noite até ser morta por Rá a cada manhã. Sendo uma alusão ao que vemos no caso da Estrela da Manhã que desaparece ofuscada pelo Nascer do Sol.


Sendo que a Serpente teria sido juntamente com o Homem e a Mulher (Adão) expulsos do Éden para assim encontrarem a Vida (Eva), como uma alusão ao despertar dos Sentidos através dos quais se tornou possível a vida nos Planos Manifestados.


Simbolicamente podemos considerar que somente através da Luz da Razão se torna possível o Alvorecer de uma Nova Consciência. Lúcifer é a Inteligência, a Luz que se acende na escuridão da noite e arrasta consigo o Sol para que tudo se ilumine.


Nos conhecimentos Herméticos temos que a Inteligência é um elemento a ser conquistado para que enfim se possa ascender para um nível superior de Consciência. Como podemos ver em imagens do Antigo Egito em que Apófis é representada como que formando uma ponte entre duas plataformas, servindo assim para que através desta Serpente de atravesse o Abismo.


Na tradição Egípcia temos que há duas montanhas sustentando o céu, tendo-se no nascente Bakhu e no poente Manu e aqui encontramos a expressão Ankh Bakhu, significando "A Vida no Nascente", ou ainda, com uma livre tradução "A Estrela do Oriente", ou seja, a Estrela da Manhã, Lúcifer.





Aqui essa expressão traz como sentido uma referência à própria Percepção dos Sentidos, como uma forma de somatória dos nossos sentidos, compondo o que alguns já vieram a chamar de "As 50 Portas da Percepção", ou ainda, uma forma de "Sétimo Sentido", sendo algo que se poderia considerar como um "Senso de Realidade".


Assim teremos que o "Fruto do Conhecimento do Bem e do Mal" é muito mais como um Sentido que nos permite distinguir o que é Real do que é Ilusório. Neste caso a ligação entre Lúcifer o Raciocínio se dá por ser o meio pelo qual atualmente conseguimos distinguir os contrários.


Dentre os nossos Sentidos o que mais traz uma associação com a Luz é a Visão e esta é tradicionalmente associada ao que seria a Clarividência, ou a "Vidência Esclarecida", "Ver com Clareza", ou ainda, "Ver o que é Claro, ou Iluminado", aproximando esse conceito ao que se estuda no Budismo como sendo uma referência à "Clara Luz".


Esse Sentido em especial costuma ser associado ao Chakra Frontal que se encontra entre os olhos, sendo chamado de "Terceiro Olho" e era tradição que no Antigo Egíto o Faraó utilizasse um ornamento no qual saía deste ponto a cabeça de uma Serpente, representando o domínio sobre o mundo espiritual.


Existem outras associações que podem ser feitas, como por exemplo relacionar a figura de Lúcifer como representativo de inteligência e astúcia à figura de Loki do panteão Nórdico, onde teremos associações igualmente com conceitos como o Caos, o Abismo, a Loucura e até mesmo o título de "Pai da Mentira".


Vemos aqui sua relevância e profunda e fundamental importância dentro dos estudos Iniciáticos e o quanto essas questões nos levam a analisar de maneira diferente alguns dos conceitos aqui apresentados, nos levando a refletir sobre suas implicações, quem sabe até encontrando novas associações envolvendo a "Estrela do Oriente".


Enfim, trouxe aqui estes elementos relativos a culturas diferentes, com simbolismos muito próximos que descrevem uma realidade espiritual bastante distinta daquela que se poderia conceber apenas com os conceitos populares que se tem da figura de Lúcifer.


.


Assista a Vídeos com temas relacionados:








terça-feira, 29 de abril de 2014




Muitos consideram este o elemento básico e fundamental do desenvolvimento espiritual e oculto. Mas é comum que esta nunca seja analisada como uma qualidade em si, mas sempre sendo colocada como qualificadora de objetos de adoração.

 

A Fé em si consiste numa capacidade de crer, de acreditar, ou seja, de dar crédito, atribuir valor e isso depende muito mais de quem o faz do que possíveis características que o objeto em questão possa possuir.

 

O Processo Devocional é algo a parte que poderá vir a ser abordado futuramente, mas a Fé em si, ou mesmo o conceito de Crença é algo intrínseco ao ser humano, não como qualidade mas como ferramenta.

 

O modo como nossa mente funciona requer constante fornecimento de informações a serem processadas e o modo como colhemos essas informações é por meio da Confiança, da Fé, da Certeza, sendo que a Razão se aplica ao que é feito da informação recebida mas não entra no processo de obtenção desta informação.

 

Mesmo no meio Científico a Fé não foi abolida, ela foi apenas sistematizada, pois ela é inevitável, é essencial ao próprio modo de como pensamos e de como nos situamos na sociedade e frente a existência.

 

Muitas vezes, ou ainda, na maioria das vezes, as informações não trazem em si nenhum elemento que permita avaliar sua veracidade, de modo que confiamos no conhecimento de acordo com sua fonte, sendo que uma informação obtida de uma fonte confiável terá valor, ou seja, estaremos dispostos a acreditar, a lhe atribuir valor, validade, enquanto uma vinda de fonte na qual não confiamos não merecerá nossa Fé, nossa confiança, não estaremos dispostos a crer naquela informação.

 

A maneira como lidamos com o conhecimento, todo o aprendizado tem por base esse processo de assimilação de informações, ou seja, irá se basear na avaliação que faremos das fontes e por mais que o método das Ciências Convencionais seja sistematizado este não é essencialmente pautado na razão, mas sim num método pelo qual se possa driblar a razão para que esta não venha a destruir todas as informações.

 

A Razão é o recurso mental que possuímos de duvidar, questionar, negar, sendo essencialmente contrário ao de crer, acreditar, confiar e afirmar. Não é possível a elaboração, assimilação e propagação de conhecimento se nos basearmos apenas um destes recursos, na Fé ou na Razão e sim apenas e tão somente no uso equilibrado de ambos.

 

Se nos baseássemos exclusivamente na Razão não teríamos a construção do conhecimento, pois a Razão consiste em duvidar e questionar a cada coisa, se formos questionar e duvidar de todas as fontes estaremos invalidando todas as informações.

 

As Ciências Convencionais acabaram por formalizar um método através do qual se determina em quais fontes estaremos dispostos a depositar nossa Fé, a quais informações não estaremos questionando. Sendo que a partir do momento em que foi definido e estruturado um saber este não estará sendo questionado novamente.



 
Ou seja, após ter se definido os princípios que regem a gravidade por exemplo, estes não estarão mais sendo questionados, essa informação estará sendo utilizada para analisar outras e o indivíduo que estiver se valendo dessa informação estará confiando e depositando sua Fé na Certeza de que aquela informação é válida, permitindo assim que se criem conhecimentos apoiados nessas premissas.

 

Assim funciona nossa mente, ou seja, se o assunto for relativo às Leis Naturais estaremos confiando em informações fornecidas por um Físico e não um Advogado, já se o assunto for relativo a questões Judiciais confiaremos em um Advogado mas não num Líder Religioso, e por sua vez se o assunto é de cunho espiritual, não confiaremos num Advogado mas confiaremos num Líder Religioso.

 

Então vemos que a Fé está na raiz de nosso modo de pensar e aprender e não exclusivamente em temas nos quais não se aplique o uso da Razão. Da mesma forma que igualmente não existe questão onde a Razão não caiba, sendo que a dicotomia Razão e Fé, ou Ciência e Religião é absolutamente ilusória, pois em ambos cabe o uso dos dois princípios.

 

Podemos livremente, tanto escolher no que acreditar quanto do que duvidar, independente de explicações ou justificativas que a fonte da informação possa fornecer. Enfim vemos que na verdade não duvidamos ou acreditamos nas informações em si, mas sim nas suas fontes. Algo que nos seja dito por um Físico sobre Religião não terá o mesmo valor que o mesmo dito por um Líder Religioso, de modo que seria absolutamente Racional questionar essa informação.

 

O problema é que o saber humano acabou se fragmentando e as fontes passaram cada vez mais a restringirem seu saber a uma determinada especialidade, de maneira que para se ter alguma completude no saber se torna necessário buscar cada conhecimento em sua respectiva fonte especializada.



 



 

terça-feira, 25 de março de 2014

Magia Cinzenta




À semelhança da Magia Amarela, esta também não é uma nomenclatura reconhecida por seus praticantes, que geralmente estarão se definindo como praticantes de Magia Natural, isso quando não ocorre uma certa confusão com práticas de Alta Magia em alguns casos como Magia Branca por exemplo.

 

Quando não estes estarão se identificando como praticantes de Bruxaria ou de Feitiçaria, o que de certa forma também acabaria sendo uma definição bastante acertada em boa parte dos casos. Por vezes também acaba sendo definido como Xamanismo.

 

Com o passar do tempo certas tradições religiosas e ritualísticas, bem como conhecimentos sobre o uso de recursos naturais com fins terapêuticos, foram sendo incorporados à cultura popular entre os povos antigos em todos os continentes.

 

Atualmente no Brasil vemos tradições Européias que deram origem a atividades como das Benzedeiras, bem como veremos diversos tipos de Curandeiros que guardam tradições Africanas e Indígenas.

 

Vemos neste caso que diferentemente da Magia Branca e à semelhança do que se vê na Magia Negra, o que temos é o predomínio de práticas individuais, sendo que nem sempre o praticante da Magia Cinzenta estará assumindo a função de Sacerdote.

 

É comum que estas práticas tenham fins religiosos ou terapêuticos, no que se vê o uso ritualizado de recursos naturais, muitas vezes quando o foco é religioso se fará uso de enteógenos e substâncias capazes de produzir estados alterados de consciência.

 

Alguns de seus conhecimentos acabaram de tal forma se espalhando que vieram a se tornar crenças populares como as chamadas "Simpatias", sendo que neste caso pode-se melhor definir como práticas de Feitiçaria, já que não requerem nem que o indivíduo seja um Mago, nem tão pouco exigem que o indivíduo possua quaisquer aptidões especiais que pudessem defini-lo como Bruxo.

 

Em determinados contextos variações de Magia Cinzenta acabam sendo praticadas por centros religiosos, por vezes ligados ao Espiritismo até mesmo Kardecista. Sendo que os principais elementos que definem essa forma de Magia é o uso de rezas, orações, bênçãos, bendições etc.

 

Tal como vimos na Magia Amarela também aqui a ação do oficiante será indireta, quer seja através do uso de recursos e forças da natureza, como por meio de invocações, embora neste caso sejam de natureza distinta pois o enfoque assim como na Magia Branca será num sentido do Material para o Espiritual, por isso as práticas invocatórias são mais voltadas a levar o indivíduo a experimentar outros estados de consciência.

 

Assim vemos várias modalidades de Espiritismo, que na maioria dos casos negarão estarem praticando alguma forma de Magia. Seus trabalhos serão realizados igualmente por Guias, Orientadores e Correntes Espirituais Colaboradores desencarnados, bem como se evoca Divindades, Egrégoras e Forças da Natureza, ou seres angelicais com o fim de levar o indivíduo a experimentar diferentes estados de consciência próprios do contato espiritual com cada tipo de força ou entidade.



Outro ramo de praticantes desta modalidade de Magia são os que seguem doutrinas e direcionamentos New Age, que se utilizam de adaptações de tradições principalmente Européias e Asiáticas.

 

Veremos uma diversidade de práticas e procedimentos distintos nesses meios, que terão em comum aquilo que os distingue das demais modalidades de Magia, sendo o uso de Recursos Naturais com enfoque em estados psíquicos, lidando com elementos etéricos e astrais, sem uma ênfase nos princípios Mentais, sendo assim distinta das modalidades de Alta Magia como Magia Negra e Magia Branca.

 

E da mesma forma notaremos que o uso de invocações tem propósitos distintos daqueles da Magia Negra e Amarela, não fazendo uso do elemento dos Sacrifícios que é mais característico da Magia Amarela, embora em muitos casos trabalhe com o conceito de Oferendas em especial nas vertentes Africana e Asiática.

 

Seus trabalhos destinam-se à solução de problemas de ordem Material, em geral referentes a Saúde e Bem Estar Físico e Psicológico. Podendo o oficiante atuar em conjunto ou individualmente lidando com Energias Etéricas e Astrais diretamente ou indiretamente, se valendo de Egrégoras e Entidades que venham a lhe auxiliar e realizar as obras.

 

Muitas vezes aqui o conceito de Sacrifício será entendido como algo pessoal do indivíduo que se sacrifica por seu semelhante na dedicação a seu trabalho, sendo nisso semelhante à Magia Branca e tornando essa modalidade bem vista pelos seguidores do Caminho da Mão Direita.



 


quinta-feira, 20 de março de 2014

Magia Amarela



Conhecida como Magia Natural ou com outras denominações específicas de cada ramo ou instituição que a pratica está é caracterizada por tratar de questões materiais, sendo que a semelhança da Magia Negra esta se propõe trazer do espírito para a material, sem no entanto se dedicar a buscar nas altas esferas espirituais por tais forças, recorrendo então a Forças da Natureza e à intermediários que venham a intervir trazendo eles sim Forças mais elevadas para cumprir o que lhe tenha sido solicitado pelo oficiante.

 

Esta classificação é bem pouco aplicada nesses casos, sendo que normalmente não é aceita por seus praticantes, que muitas vezes se dizem praticantes de Magia Negra, ou de Magia Natural, ou ainda preferem se definir por suas práticas religiosas, que frequentemente são associadas a esta modalidade de Magia.

 

Diferente do que ocorre no caso da Alta Magia, neste caso, em que se poderia classificar como Baixa Magia, não é essencial que o oficiante seja um Mago, podendo ser um Bruxo ou um Feiticeiro, sendo que esta distinção cheguei a abordar no texto "Bruxaria".

 

O que se pode observar é que quando praticada por um Mago este terá uma consciência mais clara de todo o processo que estará sendo realizado em cada trabalho, de modo que Bruxos estarão normalmente confiando muito mais em sua intuição e sua percepção e o Feiticeiro no cumprimento do rito e na técnica empregada.

 

O fato de não ser classificada na mesma categoria que a Magia Negra não faz com que seja menos efetiva e nem inferior em qualquer sentido, apenas se faz necessário que haja essa distinção para que se esclareça não se tratar da mesma coisa, pois é muito comum que haja grande confusão entre as duas modalidades, mesmo por parte de alguns praticantes.

 

A cultura popular veio por criar grande mistificação em torno das práticas de Magia Amarela, sendo que ela é muitas vezes tida como detentora de poderes maiores que quaisquer outras formas de Magia. Isto se deve em parte por ser uma prática bastante recorrente daqueles que seguem o Caminho da Mão Esquerda e também pelo encanto e o fascínio que essas modalidades mais sombrias exercem sobre as pessoas.

 

Trata-se de um ramo de Magia muito antigo e tradicional em culturas que preservaram tradições ancestrais como encontramos nos países Africanos por exemplo. Aqui no Brasil é bastante comum se encontrar essa forma de Magia em Templos de Religiões de Matriz Africana. Geralmente este tipo de trabalho costuma ser distinguido daquilo que seria a Magia Cinzenta, sobre a qual falaremos a seguir, muitas vezes se encontrando num mesmo templo a realização de ambas as modalidades, sendo conhecidas popularmente como "Casas Cruzadas". Esta forma de Magia é definida como "Trabalho com a Mão Esquerda" ou simplesmente com "A Esquerda".

 

Outro ramo que encontramos é aquele das tradições resgatadas das antigas Bruxas da Idade Média Européia, tendo sido aquele um período áureo para difusão dessas práticas de Magia, de modo que muitas vezes ela é também chamada de Bruxaria ou Feitiçaria.

 




Assim a definição de Magia Amarela se aplica a uma variedade bastante vasta de atividades distintas, de origens e culturas diversas, que têm em comum alguns aspectos que a distinguem da Alta Magia, ou seja da Magia Branca e da Magia Negra, bem como também se distingue de outras formas de Bruxaria, Feitiçaria ou Magia Natural que viríamos a classificar como Magia Cinzenta.

 

Esta não se define como sendo Alta Magia por não ter o elemento Mental como ponto central da realização dos Trabalhos, sua atuação envolve elementos menos simbólicos e mais objetivos, bem como a interação direta com elementos da realidade Astral e Etérica, de modo que a realização dos Atos Mágicos é indireta, não dependendo tanto do Mago em si mas sim de sua interação com os seres e forças da natureza que virão a realizar as obras.

 

O que principalmente identifica esta modalidade Mágica é o uso não apenas de Invocações como no caso da Magia Negra, mas também do uso de Sacrifícios e Oferendas. Sendo que os ritos envolvem a utilização de alimentos, bebidas alcoólicas, sangue de animais sacrificados etc.

 

Em geral as entidades invocadas são de natureza distinta daquelas invocadas na Magia Negra, sendo muitas vezes Magos, Bruxos e Feiticeiros desencarnados, seres Elementais, Egrégoras, além de ocasionalmente se recorrer à manifestação de Entidades Demoníacas Internas e certas categorias específicas de seres Angelicais ligados à Forças Instintivas e laços consangüíneos de ancestralidade.

 

Outra distinção é a questão dos propósitos e objetivos buscados pelos Atos Mágicos, que não visam qualquer questão relativa ao Desenvolvimento Espiritual, mas sim a manutenção de questões do cotidiano, relacionamentos, relações de trabalho, assuntos relativos a dinheiro e propriedade, bem como rixas e conflitos interpessoais.

 

Sendo assim, esta modalidade de Magia se destinaria muito especialmente em cuidar das condições nas quais o indivíduo se encontre em sua vida material e social. Outra característica é a prática das negociações, de modo que os Trabalhos Mágicos são negociados com aqueles que os solicitam, da mesma forma que ocorrem negociações entre o Oficiante e as entidades invocadas.

 


segunda-feira, 10 de março de 2014

Magia Negra





Frequentemente esta expressão é vista como controversa, pois os praticantes de outras modalidades de Alta Magia, como no caso da Magia Branca, não aceitam que a Magia Negra seja considerada como fazendo parte da mesma classificação, assim como os próprios praticantes de Magia Negra não gostam deste tipo de classificação, embora as vezes aceite o conceito de Magia Cerimonial.


Conforme mencionado em textos anteriores este sistema de classificação serve apenas para definir e distinguir práticas diferentes com fins meramente didáticos, sendo que os sentidos conotativos atribuídos a essas classificações é que vêm a distorcer seus significados, geralmente na forma de classificações simplistas de critérios abstratos como bem e mal.


Como a Magia Negra lida com aspectos profundos da psiquê e elementos fundamentais do espírito humano, além de se utilizar da manipulação de princípios mentais, isto faz com que ela se encaixe na classificação de Alta Magia.


Sua atuação se dá através principalmente de elementos de mentalismo e de identificação com símbolos e arquétipos, buscando por forças superiores frequentemente através de práticas invocatórias.


Aqui se faz necessário um esclarecimento para que não se confunda o que vim a chamar de Umbrólatras com os praticantes de Magia Negra. Embora vejamos o uso de Invocações como uma das principais ferramentas na prática desta modalidade de Magia, esta não é realizada com a postura de adoração, nem mesmo submissão por parte do Mago a essas forças.


Igualmente uma confusão recorrente é a de se contabilizar as qualidades das entidades invocadas como se estas viessem a acrescentar em alguma coisa às qualidades do próprio oficiante.


Conforme já dissemos no texto sobre Magia Branca, essa classificação por cores não é depreciativa, mesmo porque se está entendendo a ambas, a Magia Branca e a Magia Negra como formas mais refinadas de Magia sendo elas classificadas na categoria de Alta Magia. Posteriormente falaremos sobre as demais categorias, sendo que aquilo que seria considerado como Baixa Magia é normalmente chamada de Magia Natural, que igualmente não possui um contexto de inferioridade, mas sim de mais ligada às questões materiais.


Pela relação que ocorre entre a Magia Negra e o Caminho da Mão Esquerda, aqueles que seguem esse caminho tem a tendência de considerá-la como mais "poderosa" que as demais modalidades. Tal conceito se cria em função do estudo sobre os poderes naturais de entidades que venham a ser invocadas e com isso se faz tais associações, como que se Magia fosse uma questão de força.





O que basicamente caracteriza a Magia Negra, assim como a Branca é seu propósito, que neste caso é inverso à Branca, sendo o de trazer do Espiritual para o Material. Consistindo assim no uso de forças da Natureza ligadas ao próprio processo da Criação, de modo que o Mago se ligando a essas forças se vale do impulso de seu fluxo natural para moldar o processo de materialização, ou concretização de acordo com sua Vontade.


Podemos ver como simbolicamente representado por um fluxo "de Cima para Baixo", ou seja, comparativamente seria o mesmo que se aproveitar da própria força da gravidade para trazer o que está acima para baixo, sendo o seu trabalho o de direcionar o que está sendo plasmado de acordo com sua Vontade.


Diferentemente da Magia Branca, aqui teremos um trabalho mais focado na figura do indivíduo de modo que não se terá uma ação tão vinculada a valores como impessoalidade ou altruísmo, sendo estes meras escolhas por parte do Mago, sendo que as práticas em si não dependem desse tipo de postura do oficiante, ocorrendo que diversos praticantes da Magia Negra estarão trabalhando em prol de seus interesses pessoais, especialmente com relação à vida material.


O Sacerdócio só ocorre em casos isolados, sendo que o praticante é comum que seja solitário. Quando se realizam trabalhos em grupo aí sim este assumirá a postura de oficiante ou sacerdote e o grupo servirá basicamente para o processo de "Formação de Corrente", criando assim ambiente energeticamente adequado à realização dos Atos Mágicos.


É comum que as instituições que adotam essas práticas sejam de caráter Esotérico, sendo suas reuniões secretas e restritas, embora também possa ocorrer cerimônias nas quais se envolva atividades Exotéricas como citei no texto sobre Magia Branca, que o rito da Missa, Católica ou Gnóstica, poderia ser classificada como uma forma de Magia Negra por tratar de um processo pelo qual se busca "Forças Espirituais" e se busca trazê-las para realidades mais densas para que estejam ao alcance de qualquer indivíduo cujo foco da Consciência esteja na realidade material.


Por se tratar de uma classe de Alta Magia o trabalho é essencialmente pautado na utilização de recursos mentais, sendo no caso da Magia Negra se usa recursos de Concentração como nas práticas de Mentalismo, bem como se faz uso do desenvolvimento de Magnetismo e técnicas de Hipnotismo, além é claro do uso de Invocações, pelas quais se entra em sintonia com Forças Espirituais da Natureza e pela identificação se assume e vivencia parte de suas qualidades.


O interesse em passar adiante os conhecimentos dependerá de cada Mago, embora será comum casos nos quais se deixe de aceitar discípulos para se dedicar ao próprio desenvolvimento pessoal, sendo geralmente através de conhecimentos do Caminho Iniciático.


.

Assista a Vídeos com temas relacionados:







quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Umbrólatras



Do latim Umbra significando "Sombra" e do grego Latreia com o sentido de "Adoração", sendo assim "Umbrólatras" algo como "Adoradores das Sombras".

 

Atualmente poucas figuras são tão comuns em nosso meio quanto eles, os Adoradores das Sombras. Trata-se de uma constante, frequentemente observada entre os seguidores do Caminho da Mão Esquerda, que acabam por extrapolar os significados e simbolismos, distorcendo-os por meio de classificações dicotômicas pelas quais se atribui a um dos lados, o "escuro", todo o poder e ao outro, o "claro", todas as fraquezas e fragilidades".

 

Criou-se com isso quase um consenso popular que associa a "escuridão" ao mal e ao poder e "claridade" ao bem e à fraqueza e a esta fraqueza se atribui a responsabilidade por todas as mazelas da humanidade, associando a ela a falta de convicção, falta de iniciativa, covardia, passividade, medo, corrupção, manipulação, mediocridade, derrotismo, excesso de teoria e falta de prática, falta de moral, falta de vontade e toda a sorte de inferioridades que se possa vir a imaginar.

 

Em contra partida passam a associar ao lado "obscuro" todas as qualidades que se atribuiria a um guerreiro, como vontade, força, disposição, coragem, determinação, abnegação, audácia, ousadia, honra, dignidade, altivez e toda a forma de poder e superioridade, criando-se assim a dicotomia de uma realidade na qual você deverá optar entre ser "bom e fraco" ou ser "mal e poderoso", como se só existisse poder e desenvolvimento prático na adoração à sombra, ou na adoração ao mal.

 

O que impressiona nesse cenário é que os indivíduos não se dão conta da fragilidade de sua condição, pois a adoração não faz do adorador tão poderoso quanto o objeto adorado. Então não fará diferença que objeto se adore e nunca a adoração fará do indivíduo algo além de uma pessoa comum, com suas próprias idiossincrasias e mediocridades.

 

Para quem pretende e almeja um desenvolvimento "prático" esta postura se mostra bastante contraproducente, pois não importa as qualidades daquilo a que se presta adoração, não importa que adoremos à força, ao poder e todas essas qualidades como praticidade ou eficácia, pois essa postura não nos atribuirá essas qualidades.

 

Bem como não faz sentido a adoração a entidades às quais se atribui essas qualidades, pois o fato de tais entidades serem dotadas destas não fará com que isto seja desenvolvido por indivíduos que simplesmente lhe prestem culto.

 

A questão é que hoje em dia essa mentalidade é tão recorrente e tem se tornado tão extremada que mesmo beirando ao ridículo os indivíduos não se dão conta da fragilidade de suas condições. Pois é dada maior importância às aparências e a serem vistos como sendo "sombrios", ou "do mal", que no seu entender são sinônimos de "poder", do que efetivamente se dedicarem a um desenvolvimento real de poderes que sejam seus e não de uma poderosa entidade "maligna" a qual adore.

 




 A obsessão é tão grande que se chega ao ponto de distorcer conceitos, como se a mera adição de adjetivos fosse capaz de atribuir um poder maior à entidade ou força natural. Assim vemos o sucesso de livros que ostentam em suas capas títulos com termos tais como "demoníaco", "satânico", "negro", "das trevas" etc.

 

Então vemos estes indivíduos obcecados por temas tais como "Árvore da Morte" como se essa fosse uma antítese "negra" da "Árvore da Vida" das Sephiroth e por isso seria mais "poderosa". Se vêem atraídos pela figura de Demônios como se esses fossem antíteses "negras" dos Anjos e por tanto mais "poderosos".

 

E assim esses conceitos foram sendo extrapolados e aplicados a demais conceitos das Ciências Ocultas como se esses necessitassem dessa dualidade, em situações como o conceito de "Alquimia Negra", ou ainda a idéia de um Princípio Criador "do bem" e um Princípio Criador "Sinistro", ou "Negro". Mais um pouco vão acabar criando a idéia de um "Cristo Negro" para se contrapor a todos os defeitos atribuídos a essa figura por associá-lo ao tão repudiado "lado branco".

 

Os Universos são múltiplos, não são apenas dois e não tem como serem classificados apenas em dois lados, em apenas duas cores, não há como se colocar todas as qualidades separadas de todos os defeitos, porque aquilo que é qualidade para um poderá ser defeito para outro e sempre será assim quanto a tudo.

 

Não há aqui uma crítica àqueles que se interessam pelo estudo dos aspectos mais obscuros e menos comentados das Ciências Ocultas, mas sim a essa atitude caricata de distorcer significados para adequá-los a uma visão tendenciosa e maniqueísta de como as coisas deveriam ser.